Drogas

Material para o professor

Descrição do Módulo

Grupo Alvo:Este material didático destina-se a jovens entre os 15 e os 18 anos de idade, tanto do ensino geral como do ensino profissional.
Duração prevista:4-6 horas, a 45 min.

Neste módulo, os alunos são convidados a investigar e desmistificar mitos comuns sobre drogas. Num vídeo introdutório é apresentada a história de um rapaz, depois do visionamento os alunos são convidados a refletir e a partilhar as suas primeiras ideias sobre o assunto. Depois, são-lhes apresentados vários mitos comuns relacionados com o tema e, em grupo, são desafiados a escolher um mito para desmistificar±. Tendo em conta a natureza deste tópico, esta atividade está planeada para ser realizada apenas com base em provas secundárias (pesquisas na Internet). Com esta atividade, os alunos aprendem a avaliar a fiabilidade das informações/fontes de informação (bases de dados de ciência / investigação, ciência popular e outros meios de comunicação) e a desenvolver as suas capacidades de investigação. Depois de tirarem conclusões, os alunos preparam-se para apresentar as suas descobertas aos colegas (ou a outras audiências) de uma forma relevante e convincente (por exemplo, através de vídeos, podcasts, cartazes ou slides). O módulo é concluído com um estudo de caso em que os alunos podem resolver um dilema utilizando os seus conhecimentos relacionados com o tema, incorporando-os em valores pessoais, sociais e morais.

O módulo é composto por material para o professor (sugestões pedagógicas e informação científica de base) e material para o aluno (um vídeo introdutório, fichas de trabalho interactivas, vídeos de factos e um tutorial em vídeo). Além disso, os alunos podem utilizar a "ferramenta de fiabilidade" para avaliar a fiabilidade da informação encontrada e os tutoriais para apresentar os seus resultados e conclusões.


Objetivos de aprendizagem do módulo

  • Competências de cidadania: desenvolver conhecimentos e atitudes dos alunos no sentido de tomarem decisões responsáveis sobre o consumo de canábis e/ou as "drogas milagrosas".
  • Competências de uso de media:
    • desenvolver as capacidades dos alunos para avaliar a fiabilidade da informação, apresentando as provas de forma relevante para um determinado público,
    • reagir de forma adequada e responsável à desinformação apresentada nas redes sociais.
  • Competências digitais: desenvolver as aptidões dos alunos na utilização de meios digitais enquanto apresentam os resultados da sua investigação aos outros grupos.
  • Competência científica:
    • desenvolver a compreensão dos alunos sobre a ciência como uma forma de conhecimento, como uma prática social e porque devemos confiar na ciência;
    • desenvolver nos alunos atitudes de honestidade, objetividade, humildade intelectual e abertura de espírito;
    • desenvolver a sua capacidade de planear e conceber procedimentos para testar hipóteses e interpretar os resultados;
    • aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre a canábis: mecanismo de ação, diferenças entre os aspectos químicos e biológicos dos diferentes tipos de canábis;
    • desenvolver uma compreensão das propriedades químicas e biológicas do MMS e dos graves riscos para a saúde decorrentes da sua utilização como droga.
  • Competências sociais: desenvolver nos alunos...
    • uma melhor compreensão dos riscos pessoais e sociais associados ao consumo de canábis, incluindo os seus aspectos legislativos;
    • uma melhor compreensão da importância das escolhas pessoais e dos valores relacionados com a canábis na gestão do bem-estar pessoal.

Conhecimentos prévios esperados

  • Conhecimento prévio sobre canábis.
  • Conhecimento prévio dos impactos psicológicos e sociais do consumo de estupefacientes.

Estrutura do módulo

Este módulo é composto por 6 atividades. A sequência das atividades é apresentada na Figura 1 e na Tabela 1 (ver abaixo).

Atividade 1
VIDEO INTRODUTÓRIO
Atividade 2
ESCOLHERO O MITO
Atividade 3
DESMISTIFICAR O MITO
Atividade 4
ATRIBUIR UM FORMATO RELEVANTE ÀS EVIDÊNCIAS
Atividade 5
APRESENTAR AS EVIDÊNCIAS E AS RESPETIVAS CONCLUSÕES
Atividade 6
DECISÕES SÓCIO-CIENTIFICAS

Tabela 1. Atividades de aprendizagem do módulo de “drogas”

Atividade NºDescrição
Atividade 1A apresentação do vídeo introdutório.
Atividade 2 Discussão em grupos:
Escolher um mito para ser desmistificado.
Atividade 3 Em grupos:
  • Colocar questões de hipótese e investigação pertinentes;
  • Procurar informações relevantes para confirmar ou desmistificar a hipótese / questão da investigação;
  • Avaliação da fiabilidade das evidências encontradas;
  • Tirar conclusões.
Atividade 4Transformar a informação / evidências num formato relevante para um determinado público (pares). Podem visualizar um tutorial para aprender a produzir um pequeno vídeo.
Atividade 5Apresentações em grupo (juntamente com atividades de avaliação por pares).
Atividade 6Os alunos, individualmente e em grupos, consideram um dilema moral relacionado com a canábis

Requisitos para o ambiente físico

Smartphone, computador, internet, equipamento de audiovisual para mostrar vídeos, papel A3 ou A2, marcadores de várias cores.


Avaliação

Os alunos podem ser avaliados de diferentes formas ao longo do módulo, incluindo competências do processo científico (formular questões, pesquisar evidências, avaliar a credibilidade das fontes, retirar conclusões), competências gerais, tais como a capacidade de argumentação, e o conhecimento do conteúdo relacionado com o tema. Os tipos de avaliação incluem avaliações formativas baseadas na observação, fichas de trabalho individuais/grupo e avaliações sumativas baseadas em apresentações de grupo.

Avaliações que podem ser aplicadas neste módulo:

Formativa:

  • Feedback oral / escrito do professor (baseado em observações, questões colocadas, etc.) sobre o trabalho individual/grupo ao longo do módulo.
  • Feedback dos pares (sobre a apresentação do grupo utilizando esta ferramenta e a autoavaliação no âmbito do estudo de caso).

Sumativa:

  • Classificações atribuídas pelo professor à apresentação do grupo (com base na apresentação dos alunos e na sua capacidade de dar respostas/comentários relevantes).
  • Classificações atribuídas pelo professor às fichas de trabalho individuais ou de grupo.

Sugestões de ensino

Tendo em conta a sensibilidade do tema (ou seja, a canábis), espera-se que os professores promovam neste módulo um ambiente seguro e sem preconceitos, onde todos os alunos possam participar. Os professores devem também ter bons conhecimentos sobre o assunto e estar confiantes na utilização de metodologias de aprendizagem adequadas. (E estar preparados para refletir sobre as suas próprias suposições sobre o canábis se os alunos perguntarem sobre o assunto).

Este módulo pode fazer parte de um programa escolar de prevenção de consumo de drogas e de comportamentos de risco. O professor deve estar familiarizado com esse programa e colaborar com outros profissionais (psicólogos escolares, animadores sociais, etc.), caso surjam situações pessoais relacionadas com o consumo durante o módulo e os alunos possam precisar de apoio. O professor deve lembrar-se que a confidencialidade deve ser respeitada, exceto quando houver suspeita ou provas de que alguém está em risco.

O módulo começa com um vídeo introdutório que abre o tema para suscitar mais questões e não respostas imediatas. Espera-se que depois de verem o vídeo (Atividade 1) os alunos, em grupos, se sintam intrinsecamente motivados para analisar mais aprofundadamente os mitos e crenças relacionados com as drogas. A intenção é envolvê-los em atividades relacionadas com uma melhor compreensão da questão - uma questão vista pelos alunos como relevante para as suas vidas e não apenas para o currículo. Também apela aos alunos para refletirem sobre os seus conhecimentos prévios e partilharem as suas concepções e pontos de vista com os colegas (Atividade 2). Na atividade 2, apresentam-se 9 mitos sobre a canábis e cada grupo deve escolher um para ser desmascarado. A atividade 2 deve ajudar os alunos a ser capaz de transformar o mito escolhido numa hipótese/questão de investigação que possa ser falsificada/ confirmada/ respondida (atividade 3). É possível que os alunos precisem de ajuda para a colocar. Por isso, o professor pode ajudá-los dando exemplos de boas (em relação às quais é possível testar ou responder com informação fidedigna) e más hipóteses/perguntas, antes de eles próprios as colocarem. Este recurso pode ser útil para o efeito.

Os "fact videos" também podem ser visionados nesta etapa para recordar ou estudar factos relacionados com as drogas. Além disso, podem ser utilizados para este fim capítulos selecionados da informação científica de base.

Os mitos relacionados com as drogas não podem ser desmistificados (desmentidos) experimentalmente na sala de aula, espera-se que os alunos recolham provas de fontes secundárias para confirmar ou falsificar a sua hipótese/resposta à sua pergunta de investigação (Atividade 3). Ao comparar fontes de dados/meios de comunicação e o seu conteúdo, os alunos analisam criticamente a sua fiabilidade e tiram conclusões justificadas com base nas evidências. Como a avaliação da fiabilidade pode ser um verdadeiro desafio para os alunos, é-lhes fornecida uma ferramenta para procurar e analisar a informação. Além disso, o professor pode explicar a sua utilização, demonstrando e analisando fontes fiáveis e menos fiáveis, como exemplos de aprendizagem, antes de os alunos a implementarem de forma independente.

Para comunicar os seus resultados, os alunos são desafiados a produzir um vídeo ou outro tipo de suporte visual, audio ou audiovisual, para apresentarem as suas conclusões (Atividade 4). Para este efeito podem utilizar diferentes tutoriais. Além disso, o material do aluno é fornecido com critérios que a apresentação deve cumprir. Estes critérios podem ser utilizados de forma formativa para autoavaliação pelos alunos durante o processo e para avaliação pelos pares quando apresentam o vídeo e respondem às suas perguntas e às do professor (Atividade 5). Para esta última, os alunos podem utilizar a seguinte ferramenta de avaliação para dar feedback aos outros grupos.

Na última atividade (Atividade 6), o desenvolvimento do módulo regressa ao vídeo introdutório e aos mitos apresentados. Com base no que foi aprendido nas fases anteriores, os alunos preparam-se para tomar decisões a nível individual ou de grupo no formato de um estudo de caso, onde têm a oportunidade de justapor e refletir sobre os conhecimentos científicos adquiridos, mas também sobre os seus valores pessoais e sociais.

Para todos os mitos existe informação científica de base sobre o tema, que explica os conhecimentos atuais da ciência que lhes está subjacente e permite ao professor ter uma visão rápida da ciência abrangida pelo módulo.

O vídeo de introdução e as atividades seguintes destinam-se a inspirar a reflexão sobre a tomada de decisões relacionadas com o consumo de canábis e as várias consequências que podem resultar de determinadas decisões. Incentivam o espetador a considerar diferentes opções durante o processo de tomada de decisão e a forma como as escolhas relacionadas com o consumo ou posse de canábis podem afetar ou ter impacto nas relações existentes. A literatura pedagógica reconhece que os jovens têm mais probabilidades de aprender quando são incentivados a refletir de forma apoiada.

Um dilema moral apresentado no final do módulo (Atividade 6) deve levar os alunos a refletir sobre as suas escolhas e as dos outros e sobre as consequências dessas escolhas para os diferentes intervenientes envolvidos numa determinada situação. As decisões potenciais e o raciocínio que lhes está subjacente baseiam-se principalmente na teoria do desenvolvimento moral de Kolberg, que inclui o seguinte (os exemplos para ilustrar os níveis são retirados da atividade 6, mas são igualmente possíveis outras interpretações):

Nível 1 (Pré-Convencional)

  1. Orientação para a obediência e a punição. Os indivíduos concentram-se nas consequências directas das suas acções para si próprios. Uma ação é considerada moralmente errada porque o seu autor é punido. Comum nas crianças. As regras são fixas e absolutas. A questão principal é: "como posso evitar o castigo?”
    Por exemplo, Dani não deve ficar com a droga porque isso pode resultar num registo criminal para si, o que significa que é uma pessoa má.
  2. Orientação para o interesse próprio (instrumental-relativista): Pagar por um benefício. O comportamento correto é definido pelo que o indivíduo considera ser do seu interesse, ou pelo que é "conveniente", mas entendido de uma forma restrita que não tem em conta a sua reputação ou as relações com grupos de pessoas. O raciocínio mostra um interesse limitado nas necessidades dos outros, mas apenas até ao ponto em que isso possa favorecer os interesses do próprio indivíduo.
    Por exemplo, Dani deve aceitar ficar com a substância porque Marcos já fez vários favores a Dani no passado e assim agora pode retribuir.
    Dani deve devolvê-la a Marcos porque um amigo criminoso será inútil.

Nível 2 (Convencional)

  1. Acordo interpessoal e conformidade com as normas sociais. Os indivíduos são receptivos à aprovação ou desaprovação dos outros, uma vez que esta reflecte os pontos de vista da sociedade. Tentam ser um "bom rapaz" ou uma "boa rapariga" para corresponder a essas expectativas, tendo aprendido que ser considerado bom beneficia o eu. O raciocínio da terceira fase pode julgar a moralidade de uma ação avaliando as suas consequências em termos das relações de uma pessoa, que agora começam a incluir coisas como o respeito, a gratidão e a "regra de ouro". Capacidade de reconhecer boas ou más intenções. A atitude de bom rapaz/rapariga.
    Por exemplo, Dani deve ficar com ela porque não pode desiludir o seu amigo de longa data.
    Por exemplo, Dani deve devolvê-la para não desiludir os seus pais, caso seja apanhado com drogas pela polícia.
  2. Orientação para a manutenção da autoridade e da ordem social: Moral da lei e da ordem, capacidade de ver sistemas normativos abstractos ("Cumpre o teu dever"). É importante obedecer às leis e às convenções sociais devido à sua importância para a manutenção de uma sociedade funcional. O raciocínio moral na quarta fase ultrapassa, assim, a necessidade de aprovação individual que se manifesta na terceira fase. Um ideal ou ideais centrais prescrevem frequentemente o que é certo e errado. Se uma pessoa violar uma lei, talvez todos o façam - assim, há uma obrigação e um dever de respeitar as leis e as regras. Quando alguém viola uma lei, isso é moralmente errado.
    Por exemplo, Dani deve devolvê-la a Marcos porque ter e consumir erva é proibido.

Nível 3 (Pós-Convencional)

  1. Orientação para o contrato social - as diferentes opiniões, direitos e valores devem ser mutuamente respeitados como sendo exclusivos de cada pessoa ou comunidade. As leis são encaradas como contratos sociais e não como decretos rígidos. Os direitos pessoais são importantes. Isto é conseguido através de uma decisão maioritária e de um compromisso inevitável. O governo democrático é supostamente baseado no raciocínio da quinta fase.
    Por exemplo, Dani deve ficar com ela para evitar que o seu amigo seja condenado a uma pena criminal, o que o pode levar ainda mais longe na sua queda pessoal.
    Por exemplo, Dani deve devolvê-la, pois tentar evitar que o Marcos seja condenado por uma pequena quantidade de estupefacientes pode levá-lo a um caso mais significativo relacionado com estupefacientes. Poderia assim receber uma lição de vida para evitar o tráfico de drogas.
    Por exemplo, Dani não deve ficar com ela, pois isso pode resultar num registo criminal que impeça a entrada na academia militar.
    Por exemplo, Dani deve devolvê-la, pois não seria justo ter um castigo por um ato que não cometeu.
  2. Princípios éticos universais - o raciocínio moral baseia-se num raciocínio abstrato que utiliza princípios éticos universais. O consenso resultante é a ação tomada. O indivíduo age porque é correto e não porque evita a punição, é do seu interesse, é esperado, é legal ou foi previamente acordado.
    Por exemplo, Dani devia devolver a substância e deixar Marcos assumir toda a responsabilidade pelo que fez. Os estupefacientes arruinaram a vida de muitas pessoas. Não é correto apoiar o seu uso e propagação.

Através da atividade 6, espera-se que os alunos desenvolvam uma compreensão mais ampla da questão, considerando diferentes perspectivas e consequências de uma ou outra decisão. Além disso, espera-se como resultado da fase 4 que a resposta às seguintes perguntas:

  • Que opção produzirá o maior bem e causará o menor dano?
  • Qual a opção que melhor respeita os direitos de todos os interessados?
  • Qual é a opção que melhor serve a comunidade e não apenas alguns membros?
  • Que opção me leva a agir como a pessoa que quero ser? (pode ser deixado à consideração de cada um)

ajude os alunos a atingir níveis mais elevados de raciocínio moral do que de outra forma. Além disso, é essencial lembrar aos alunos que devem seguir a abordagem RICE durante o debate. A fase 4 também pode ser atribuída como trabalho de casa.